quarta-feira, 9 de março de 2011

Unidos da Arena, campeã do carnaval 2011

Todo mundo já sabe quem foi a campeã desse ano, mas pouquíssima gente fora do meio carnavalesco sabe a origem do império que conseguiu ganhar vários títulos, muitos deles com enredos, digamos, não tão empolgantes quanto se esperaria de uma escola vencedora.

Minha torcida estava por outra escola, mas não sou defensor de nenhuma, até porque carnaval não é a minha praia, mas me revolta muito ver esse pastiche que foi a apuração desse ano, tentando dar legitimidade a uma fraude, e não surpreende que os outros dirigentes não tivessem tomado a mesma atitude de Ivo Meirelles, presidente da Mangueira, e abandonado a apuração, a ficar comemorando pontos que não levariam a nada, afinal de contas a escola vencedora recebia um dez atrás do outro como se só ela tivesse feito um desfile perfeito, era como se as concorrentes estivessem feito o desfile de costas ou tocando maracatu em vez de samba.

Dar 9 para a bateria da Mangueira, que ganhou o Estandarte de Ouro foi o cúmulo da aberração que foi a apuração dos desfiles em um carnaval marcado por tragédias como o incêndio que destruiu alegorias e fantasias de três escolas.

Sinceramente, se eu fosse alguma coisa dentro das escolas de samba, ou pelo menos da Mangueira, parava de desfilar, quem quisesse ouvir a bateria do "surdo um" que frequente a quadra da escola, afinal de contas ela tem uma história rica demais, que nos deu, Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Jamelão não merece estar no meio desse pastiche que virou o desfile, com multinacionais patrocinando enredos, o carnaval é muito mais do que isso.

Da mesma forma que dizem que o carnaval da Bahia se afastou do povo com o excesso de mercantilização o carnaval das grandes escolas de samba está se esvaziando de representatividade, hoje os blocos de rua estão com muito mais força popular do que desfilar em uma ala de escola, afinal de contas, num bloco não tem fantasia cara, ala de passo marcado, samba de métrica difícil para agradar trocentos "autores", o que tem no carnaval de rua é a espontaneidade que está morrendo no carnaval das escolas de samba.

Segue abaixo a matéria publicada na extinta Revista Nossa História, edição nº 28 de fevereiro de 2006, clique nas fotos para ler o texto:






E para terminar um texto feito pelo pesquisador Luiz Cláudio Bezerra: A interferência militar na "Baixada Fluminense e o domínio familiar em Nilópolis" Muito esclarecedor sobre a trajetória não só da Beija Flor bem como a ascensão da contravenção dentro do mundo do samba.

Longe de querer esgotar o assunto, espero que este post sirva de esclarecimento para muitas pessoas que, como eu, se revoltam com esse excesso de mercantilismo, pasteurização e sequestro de sua legitimidade não só do carnaval, mas de todas as manifestações culturais do nosso país, de como através do pão e circo nos fazem bater palma pra maluco dançar.

Um comentário:

BirdBardo Blogger disse...

Não imaginava q era tão podre assim no reino de nilópolis...SOu crítico disso há anos e a monarquia lá persiste.