quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ligações perigosas

Desde do último dia 16, escancaram-se nas páginas dos jornais a relação promíscua vivida entre o governador Sérgio Cabral e um dos tubarões da construção civil nacional, Fernando Cavendish, presidente da Construtora Delta.

A queda do helicóptero desnudou mais uma farra corriqueira do governador, useiro e vezeiro de escapadas no jato do seu amigo Eike Batista, para uma festa de arromba num resort em Porto Seguro.

Muito além da simples tragédia pessoal do governador, ela pode marcar o fim de sua carreira política como conhecemos, isso se pegarmos leve, porque a quebra de decoro pode levar até um processo para todos os envolvidos.

A começar pelo fato que não fica bem um funcionário público receber benesses de fonecedores do estado, isso é lei federal perfeitamente aplicável no caso dele, fosse ele um funcionário público de carreira a essa altura estaria perdendo o cargo e o emprego.

Mas infelizmente no Brasil essas coisas se varrem para baixo do tapete, afinal de contas, na política, paparicação de empresário faz parte da moeda de troca, a maioria destes "representantes do povo" sucumbem facilmente aos seus baixos instintos aceitando subornos, favores, e nos casos mais renitentes, extorsões e ameaças.

Infelizmente estamos cada vez mais longe da época que se um político queria medir sua popularidade ele ia a pé ou de bonde para o trabalho, lembrando que quando a capital federal era aqui no Rio de Janeiro, muitos políticos moravamo no Hotel Serrador em frente ao Palácio Monroe, ou nas adjacências da Rua Senador Dantas onde existiam (e ainda existem) vários hotéis que hospedavam vários deputados e senadores de outros estados.

O próprio Getúlio, quando queria pressionar o Congresso fazia um simples teste de popularidade, saía do Palácio do Catete a pé até o Monroe, seguido por uma multidão, ou então pegava um bonde, não raro um senador ou deputado fazia uso desse transporte como um cidadão comum, incógnito, hoje eles não têm mais coragem de fazer isso.

Agora eles andam em carros blindados, helicópteros, aviões executivos, quando foi a última vez que você viu um senador ou deputado federal na fila de um check in de aeroporto? Geralmente ficam numa salinha reservada dos olhares curiosos, e não raro embarcam em aviões fretados ou jatos particulares "gentilmente " cedidos por lobistas.

Tudo tem um custo, um senador vale um milhão, um deputado uns 500 mil, um vereador se compra com troco de pinga, uns 20 mil paga, tudo para ter aquela obra aprovada, aquela lei liberada, aquele embróglio jurídico destravado com um "telefonema amigo" para o magistrado encarregado ou o superior dele, e assim vai funcionando a bananalândia conhecida como Brasil.

Brasil vem de brasa, a cor da seiva usada para tingir tecidos, cor da realeza, cor do sangue, sangue que está faltando no povo brasileiro.

Sofremos um estelionato eleitoral, o governo está fazendo de tudo para proteger os grandes eventos, a ponto de abrir mão do Creative Commons, a ponto de estar estudando um AI-5 digital para impedir a livre manifestação na internet, tudo para proteger direitos de lucros de empresas corruptas como COI e FIFA.

Eu falei empresas? Sim, empresas, nada mais do que isso, são empresas que coordenam, realizam e divulgam eventos esportivos, são supranacionais, recebem facilidades do mundo inteiro em troca de deixar governos "bonitos na foto".

O esporte em si é mera fachada, o que importa por trás de tudo são obras, direitos de imagem, direitos de transmissão, propaganda, marketing, muito marketing, tudo para viabilizar um simples joguinho de bola ou uma atividade esportiva que em sua essência poderia ser praticada em qualquer lugar.

Logo, um governo, se entregar a uma aventura como essa, que já se mostrou desastrosa para muitos países, como a Grécia ou a África do Sul, é a prova cabal que ele não trabalha em prol do povo, mas sim em função do capital, e o pior é que quem trouxe esses eventos para cá foi justamente um operário que virou presidente.

Acho que está na hora do povo brasileiro acordar, exemplos lá fora não faltam, a Grécia está na pior por contas das dívidas contraídas nos Jogos que realizou, a África do Sul não conseguiu sair do atoleiro social em que vive, então o que pensar de um país imenso como o nosso, com um monte de demandas sociais não atendidas, com um povo pobre com baixos níveis de consumo e escolaridade, o que farão com os equipamentos esportivos inúteis após os Jogos e a Copa? Temos demanda para eles?

E o que pensar nos custos? Não só das obras, mas dos serviços? Essas empresas, FIFA e COI, direcionam empresas para prestar serviços, cujos preços não podem ser discutidos, elas, e apenas elas, pdoem realizar tais serviços para o evento.

Se vivêssemos em um mundo ideal, essas obras estariam sendo pagas com dinheiro privado, o governo poderia, por exemplo, dar o terreno, e em troca receber alguma benesse social do equipamento, mas não é o que acontece, o que assistimos é o terror do Estado sobre o cidadão, com o precendente que está se abrindo com esses eventos, em qualquer momento o Estado pode violar o direito de moradia, pensamento e expressão das pessoas, tudo em troca de quinze dias de farra, e enquanto isso o mundo dá risadas da nossa ignorância, vendo o peripatético presidente do COB com aquele riso cadavérico desfilando nos eventos como um papagaio de pirata, a imprensa dizendo amém a tudo.

Temos que impedir que os eventos aconteçam, as obras que estão sendo feitas no momento, em sua maioria são de infra-estrutura que JAMAIS poderiam estar contigenciadas a um evento, pois isso no código de defesa do consumidor - somos consumidores do estado, certo? Pagamos e recebemos serviços em troca - é venda casada, não podemos receber obras viárias importantes para desafogar o trânsito da cidade só porque vamos receber Copa e Olimpíada, isso é obrigação do governo de fazer, mas só o faz porque tem uma desculpa para arrancar mais dinheiro dos cofres públicos e direcioná-los indevidamente para obras inúteis e superfaturadas.

E ainda por cima da forma que estão sendo feitas, destruindo o tecido urbano, desalojando famílias. Quem diz que essas pessoas são egoístas, que o interesse privado não pode se interpor ao público, é porque está escondido no quentinho de sua casa, com dinheiro no bolso e tendo pra onde ir, aquelas pessoas que foram desalojadas para passagem das obras moravam há décadas nesses lugares e foram postas na rua junto com entulho, como se não valessem nada, não há uma mínima fagulha de respeito a essas pessoas, quem está dando essas ordens está escondido atrás de uma mesa dentro de um escritório da prefeitura bem longe dessas pessoas, isso está acontecendo agora enquanto escrevo este texto, e vai continuar acontecendo até 2016, e a julgar pela impunidade que a prefeitura vem tendo, isso vai continuar no futuro criando uma total falta de segurança jurídica de se viver nessa cidade.

O Rio de Janeiro é uma cidade muito antiga, 400 anos não são simples de administrar, a cidade tem vários núcleos históricos, Campinho era um desses, foi arrasado, ironicamente só sobrou uma placa indicando "Caminho Imperial" "Capão do Bispo", aquele lugar era o entroncamento entre rotas importantes da colônia e do império, e foi arrasado sem nenhum estudo histórico, para a prefeitura, se não está na Zona Sul ou no Centro, não existe, por isso esse desprezo com a população da Zona Norte, que vem sendo tratada como entulho, populações sendo removidas em vez de reassentadas, como deveriam ser as pessoas, que, acima de tudo, são cidadãos pagadores de impostos.

Já assisti esse filme antes, em 2007, e a continuação dele (trilogia? 07-14-16?) não será bonita de se ver.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

CAPES e ANPG se manifestam

Entrevista com o presidente da Capes PDF Imprimir E-mail






Terça, 17 de Maio de 2011 12:25






Capes torna sem efeito Ofício Circular nº 32/2011, enviado aos pró-reitores de pós-graduação no dia 2 de maio, que trata do cadastramento de bolsistas com vínculo empregatício remunerado. Mais esclarecimentos na entrevista com o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães:

1. A Capes e o CNPq publicaram no dia 2 de maio uma nota sobre acúmulo de bolsa e vínculo empregatício, relacionada à Portaria Conjunta CAPES-CNPq n° 01/2010. Qual o motivo desta nota, quase um ano após a publicação da portaria?

A portaria tinha e continua tendo a intenção de estimular o estudante a ter a possibilidade de ser contemplado, durante a pós-graduação, com um vínculo empregatício. Não queremos estimular mecanismos de risco para o que é o principal objetivo da pós-graduação: estimular jovens que estão cursando pós-graduação, sobretudo os provenientes da iniciação científica, a obter um desempenho que permita um vínculo empregatício. Com a portaria, o bolsista que se desenvolveu bem no mestrado ou no doutorado e tem a oportunidade de trabalhar numa empresa ou em uma instituição privada para dar aula, por exemplo, poderá fazer isso legalmente, diferentemente do que acontecia antes, quando trabalhavam sem carteira assinada e sem comunicar às agências. Mesmo assim, há que se considerar a questão do tempo de dedicação ao curso e ao emprego, o que só pode ser decidido pelo orientador do bolsista, endossada pelo coordenador de pós-graduação (CPG).

Isso é importante para a instituição que contrata e para o aluno e é um exemplo para os colegas dado o seu desempenho. De maneira nenhuma a portaria estimula que, para ganhar bolsa, tenha que ter vínculo antes. O vínculo antes é o problema, pois é preciso que seja o orientador que autorize: salvo em pouquíssimos cursos, o aluno que está entrando não tem orientador ainda, e, quando tem, é tão novo que não sabe se o aluno tem desempenho suficiente e em que nível está o desenvolvimento de sua tese ou dissertação, portanto, como pode fazer isso antes? Isso só pode ser feito depois. E o depois é pelo menos seis meses. Não acredito que antes disso possa permitir ao orientador uma visão clara para essa autorização.

Por que a nota? Porque houve interpretação indevida e imprópria para atender casos específicos e particulares à revelia do juízo do orientador sobre a pertinência da concessão da bolsa, baseado do desempenho do aluno, após o início do curso e do projeto de pesquisa. Há casos de pessoas com vínculo na própria instituição sendo estimuladas a fazer o mestrado por causa da bolsa. Não é esse o papel da Capes e do CNPq. Não se trata aqui de considerar a bolsa como complementação salarial. Esta condição está contemplada de forma exclusiva para os professores da Rede Pública de Educação Básica, prevista na Portaria Ministerial nº 289, de 31/03/2011, modificada pela Portaria nº 478, de 29/04/2011. A formação é para prepararmos mais jovens para o bom desempenho em suas áreas de atuação para o desenvolvimento do país e não para complementar o salário que a pessoa já tinha. Em algumas instituições e cursos, o fato de já ter o vínculo empregatício estava predominando para a seleção, sendo que esta deve ser feita por mérito.

Quem deve decidir se o bolsista tem desempenho suficiente para ter ou não vínculo empregatício é o orientador, não o curso. Só o orientador sabe quem são os alunos qualificados para essa possibilidade. Cada um tem uma média de 4 a 6 orientandos e é obvio que nem todos merecem ter essa autorização. Alguns terão, outros não. Portanto, houve sim falta de consideração para com a motivação maior da Portaria Conjunta Capes-CNPq n° 01/2010, que é clara e objetiva. O que houve foi a emissão de uma circular de setor da Capes sem a ciência da Presidência desta agência e muito menos do CNPq, e que levou ao sobressalto que estamos verificando.

2. Quais são então as regras para o acúmulo de bolsa e vínculo empregatício no âmbito da Capes?

Como eu disse anteriormente, a regra básica é que o aluno bolsista possa ter a possibilidade do emprego depois de já estar matriculado, quando seu orientador já tiver um conhecimento mais aprofundado sobre sua capacidade de se desenvolver no curso. Ou seja, como um produto do ganho do próprio curso de pós-graduação. Se não, nós prejudicamos a base inicial desse processo que é, sobretudo, o mérito e os bolsistas que provém da iniciação cientifica. Quem não observa esses requisitos, corre risco de não ter bons candidatos na pós-graduação.

Hoje temos cerca de 80 mil estudantes de iniciação cientifica no Brasil entre CNPq, agências estaduais e pessoas voluntárias – sem contar o Pibid da Capes e oriundos do Programa PET. Esses são os melhores candidatos para fazer mestrado. São 80 mil e o mestrado oferece anualmente, em todo o Brasil, 50 mil vagas. Portanto, é esse o nosso grande alvo. Claro que não é exclusivamente isso, mas colocar as bolsas nas pessoas já com vinculo estaria excluindo nosso principal candidato e isso nós não queremos estimular. Caso a situação persista as agências poderão considerar o cancelamento da Portaria.

3. No caso de um aluno que, sem vínculo empregatício, tenha sido contemplado com bolsa e, futuramente, seja contratado para o quadro da própria instituição na qual estuda. Ele terá a bolsa cancelada?

A bolsa deve ser cancelada, pois não foi instituída para estimular essa prática. Reafirmo: a bolsa não é uma complementação salarial. É para apoiar os jovens com mérito que, não tendo vínculo empregatício ainda, possam tirar proveito da oportunidade que o governo dá de estudar com bolsa nos cursos rigorosamente avaliados pela Capes e, a partir do seu desempenho, ter as oportunidades de conseguir um vínculo empregatício qualificado para as atividades que considerarmos prioritárias: tecnológicas e educação básica. Como acima mencionado, os professores da Educação Básica da Rede Pública podem acumular remuneração e bolsa, mesmo com o vínculo a priori.

4. As regras existentes antes da portaria, que permitiam o acúmulo de bolsas para professor da educação básica, professor substituto, tutor da UAB e profissional de saúde pública continuam valendo?

Continuam valendo. As portarias que tratam dessa questão mencionam claramente que são áreas de interesse do Estado. Permitir que professores da escola pública façam mestrado – sobretudo mestrado profissional, mas também acadêmico – recebendo bolsa é o principal objetivo. Estes, repito, nós consideramos interesse do Estado. O acúmulo, então, é permitido e vai continuar sendo.

5. No caso de servidor público. Quem já é servidor e torna bolsista, como proceder? E para casos em que o aluno que já é bolsista passa em concurso público, ele deve pedir o cancelamento da bolsa?

Não deve ganhar bolsa, essa é uma regra básica, exceto para professores da Rede Pública da Educação Básica. Os cursos têm que considerar o seguinte: tendo vínculo empregatício prévio, não deve ter bolsa de imediato. Essa é uma lógica fundamental sem a qual vamos colocar em risco a credibilidade e o sucesso da pós-graduação brasileira.

A Portaria não foi feita para estimular esse tipo de ação individual, foi feita para premiar os alunos que se destacam, estando na pós-graduação com bolsa do CNPq ou da Capes, venham, em função do próprio desempenho, conversar com seu orientador sobre a possibilidade de conciliar os estudos com o emprego. E não um direito prévio, isso é importante dizer. Portaria a gente faz e também desfaz e, se for seguida de maneira equivocada, poderemos cancelá-la.

6. Quais os desdobramentos possíveis em função dos questionamentos sobre a Portaria?

A Direção da Capes está determinando o cancelamento da citada circular e divulgando na sua página nota de esclarecimento sobre o entendimento a ser aplicado pelos orientadores e cursos sobre como deverão autorizar o bolsista a assumir compromisso de emprego.

A Capes e o CNPq farão um levantamento das situações junto aos cursos para posterior deliberação conjunta, além de, eventualmente, revisar a Portaria, tornando-a mais restritiva em seus objetivos ou, até, mesmo, revogá-la se as duas Agências considerarem que é melhor para o sistema.



17/05/2011
CAPES e CNPq anunciam ANULAÇÃO do ofício circular que cancelava bolsas

Após denúncias de pós-graduandos de todo o Brasil sobre o cancelamento de bolsas, a ANPG se reuniu com o presidente da Capes e obteve uma vitória preciosa: a garantia de direitos dos pós-graduandos.

A Capes acaba de divulgar uma entrevista com o seu presidente, Jorge Guimarães, em que ANULA o Ofício Circular nº32/2011 que trata do cadastramento de bolsistas com vínculo empregatício remunerado.A decisão foi tomada após reunião da ANPG com o professor Jorge Guimarães realizada nesta segunda-feira (16) e o novo encaminhamento é compartilhado pela Capes e pelo CNPq.

Na semana passada uma enxurrada de e-mails na caixa da ANPG nos deu a dimensão do problema gerado por um ofício circular da Capes orientando o cancelamento das bolsas de centenas de pós-graduandos do país por conta de uma nova interpretação a respeito da Portaria Conjunta n° 1 de 16 de julho de 2010 .

O ofício ameaçava os programas de perderem suas cotas de bolsas caso não cancelassem até este mês de maio toda as bolsas de estudantes que tivessem vínculo empregatício anterior à bolsa.

Tal informação gerou uma polêmica grande no país e centenas de pós-graduandos recorreram à ANPG. Na mesma semana, a entidade lançou uma nota contra o cancelamento das bolsas e conseguimos marcar uma audiência com o professor Jorge Guimarães.

Na reunião, da qual participaram diretores da ANPG e das APGs da UFRJ e da UnB, o presidente da Capes disse discordar do tom do ofício circular. Ele defendeu a Portaria, mas disse que havia desvios na sua aplicação que precisavam ser corrigidos, motivo pelo qual a Capes e o CNPq divulgaram a nota de esclarecimento de 2 de maio de 2011.

A presidente da ANPG, Elisangela Lizardo, apresentou os e-mails recebidos pela ANPG reclamando do cancelamento das bolsas, assim como a nota divulgada pela entidade e as notas e manifestos da APG da UnB, dos pós-graduandos da UFF e do Conselho da UFRJ. Em sua intervenção, Elisangela defendeu que a Capes e o CNPq anulassem o cancelamento das bolsas e debatessem ajustes na Portaria para o próximo período. Um abaixo-assinado contra o cancelamento das bolsas também foi entregue.

O professor Jorge afirmou discordar do conteúdo do ofício circular – e, portanto, do cancelamento das bolsas como este documento impunha – e comprometeu-se a se reunir com o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, para decidir sobre um novo encaminhamento. O diretor de relações institucionais da ANPG, João Carlos Azuma, então sugeriu ao presidente da Capes “descircular a circular”, que é exatamente o que a Capes e o CNPq estão fazendo, como pode ser observado na entrevista de esclarecimento publicada hoje.

A Capes e o CNPq anularam o ofício circular – portanto as bolsas não serão canceladas em maio, como previsto – mas alertam que farão um levantamento da situação das bolsas no país para combater possíveis irregularidades – a diferença é que agora será analisado caso a caso.

A vice-presidente da ANPG, Carolina Pinho, apresentou preocupação com o número de professores do ensino básico que teriam as bolsas cortadas de acordo com o oficio circular, ao que o presidente da Capes respondeu categórico: “não serão canceladas bolsas de professores do ensino básico”.

Esta é uma grande vitória de todos os pós-graduandos que resolveram se mobilizar contra o cancelamento generalizado das bolsas anunciado pelo ofício circular. A ANPG agradece a todos os que entraram em contato para apresentar suas demandas, reclamações, histórias, sugestões, manifestos, abaixo-assinados, etc.

A soma deste esforço coletivo nos conduziu a esta vitória e pode nos levar a muitas outras, como o necessário reajuste do valor das bolsas de pesquisa. Para alcançar novos êxitos, o momento exige organizar o movimento nacional de pós-graduandos, com a construção de APGs por todo o país.

ANPG


domingo, 15 de maio de 2011

DECISÃO ARBITRÁRIA DA CAPES E CNPQ AMEAÇA PESQUISA NA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA

Educação nunca foi prioridade no Brasil, mas agora estamos chegando ao fundo do poço. A CAPES e o CNPQ, em uma atitude arbitrária e injustificável, estão ameaçando milhares de estudantes de Pós-Graduação com a retirada de suas bolsas de estudo.

É importante ressaltar que, historicamente, o acesso a tais bolsas sempre foi vetado a quem trabalhava. Porém, ao longo dos anos, foi sendo demonstrado que, além do valor das bolsas ser inferior ao salário da maioria dos profissionais formados em curso superior, o trabalho compatível com a pesquisa poderia inclusive ser benéfico para a formação do pesquisador.

Diante disso, CAPES/CNPQ divulgaram uma Portaria em Julho/2010, que autorizava o acúmulo de bolsa de estudos e emprego, desde que obedecidas algumas condições. Com isso, muitos estudantes foram beneficiados, em especial professores da educação básica e outros profissionais da educação e da cultura.

Mas agora CAPES/CNPQ decidiram voltar atrás e retirar de uma hora para outra todas as bolsas. Esta atitude está gerando um verdadeiro tsunami no meio acadêmico, abrindo um precedente autoritário perigoso, cujos desdobramentos podem ser imprevisíveis.

Abaixo, seguem links esclarecedores:


Portaria que autorizou o acúmulo
ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2010/iels.jul.10/Iels134/U_PT-CJ-CAPES-CNPq-1_150710.pdf

Nota sobre a interpretação "êrronea" (veja bem, nem é outra portaria) http://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/NotaCapesCNPq.pdf

Ofício que foi enviado aos programas
http://www.posgraduando.com/pos-graduacao/capes-estipula-prazo-para-cancelamento-de-bolsas-irregulares

Carta da APB-UNB
http://e-groups.unb.br/apg/Of.APG-UnB_12_05_2011_-_Carta_aberta_BOLSAS.pdf

Carta de um aluno de mestrado
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/carta-aluno.pdf

Abaixo-assinado http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N9867

Comentários sobre a CAPESe cartas dos alunos de PG da UFF
http://www.saudecomdilma.com.br/index.php/2011/05/12/capes-e-cnpq-achacam-bolsistas-e-coordenadores-das-pos-graduacoes/

Update:
http://paraibarama.blogspot.com/2011/05/carta-de-uma-aluna-bolsista-prejudicada.html

Os textos se completam e são auto-explicativos.

Divulguem!

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons!”.

(Martin Luther King)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Obama Who?

Da série “Nenhum jornalismo é necessário”
(mas o ‘jornalismo' no Brasil, além de desnecessário, é muuuuuuuuuuuuuuuuito ruim)

Sergio Caldieri
Obama na Cinelândia?! Como assim?! Obama who?!

Informação útil é informação que vem do mundo próximo (como esse postado), mesmo que seja uma espiadela em mundo muito, muito distante (como esse postado espiando o pintor que espia a pintura, espiado pelos personagens da pintura que o pintor não vê, por mais que se aplique – lição de anatomia da lição de anatomia da lição de anatomia, verdadeiro tratado da anatomia da luta, sempre perdida, do desejo de ver o mundo). O fato não existe. O fato ri do jornalismo.

IMAGEM: Norman Rockwell, 1955 (em http://www.letteri.blogger.com.br/?index.html)


Informação ‘da Reuters’, ‘da BBC’, ‘do nosso correspondente no ex-jardim do ex-reator ex-atômico e já explodido’ ou na ex-cidade que o tsunami varreu do mundo, ou “imagens colhidas pelas câmaras de segurança no assalto e/ou opinião-de-Danuza sobre fissão nuclear e visita de Obama não vale um réis de mel coado. O fato não existe.

Reproduzir imagens de câmeras de segurança, como fazem TODOS OS 'NOTICIÁRIOS' DA TELEVISÃO BRASILEIRA, sem faltar um, como se nisso houvesse algum jornalismo, é como por no ar, em horário nobre, o bilhete-de-despedida, bilhete-de-suicida, do jornalismo brasileiro.


Obama já era. Chega, no Brasil mais extemporâneo que Sinatra, MUITO mais sem sentido que Michael Jackson.

NADA pode ser mais ridículo no planeta, hoje, que Obama, frente ao Municipal do Rio de Janeiro, falando ao povo na Cinelândia. Que povo? Que Obama?

Melhor faria aquele hilário Departamento de Estado – e o governo brasileiro – se pussessem Obama lá dentro, de vez, logo, no palco do Teatro Municipal, fantasiado de personagem bufo de alguma ópera extemporânea, casamento de “Ases Indomáveis” e... West Side Story? De Madame Butterfly... e Inside Job?! Pluft, o Fantasminha... e matança de civis no Afeganistão?!

Há alguns meses, passeei, uma tarde, pela Cinelândia, saída, eu, do Museu Nacional, dia de férias no Rio de Janeiro. Tomei um chopp em homenagem ao meu falecido pai no (hoje) “Vermelhinho”, sucedâneo do nunca assaz elogiado “Amarelinho”, que meu pai nunca esqueceu, nem depois de 60 anos de ele não por os pés na Cinelândia. Da mesa, avistei, num canto do Largo da Cinelândia, uma bandeira do Hamás.

Era uma barraca, dessas de feira, onde se vendiam camisetas, bottons, bandeiras e adesivos, fazendo dinheiro para mandar para a Palestina Ocupada.

Conversei um pouco com os rapazes ali (gente de pouca conversa, uns homens bonitos, isso sim), comprei camisetas “Pela Palestina Livre”, “Palestina para os palestinos” e – camiseta imortal e imatável – “Yankees go home!”, uns adesivos do Hamás e do Hezbollah e segui adiante, confiante que, sim, a Cinelândia ainda é praça interessantíssima.

Agora... ISSO! E de quem, diabos, foi a tresloucada ideia de por Obama a falar ao povo na Cinelândia?! Quem sugeriu?! Quem concordou?! Quem mandô? Quem se ajoelhô, pôs-se de quatro, levantô o rabo?!

Aliás... Que Obama?! Por que não um príncipe coroado-lá daqueles?! Ou um sultão daqueles?! Por que não a Hilária?! Por que não na Cracolândia?! Por que não penduram uma placa “Pentágono”, logo, de vez, no pescoço do Cristo Redentor?!

Sinceramente, queria saber o seguinte, a sério: POR QUE, DIABOS, TIRAR OBAMA DE BRASÍLIA e metê-lo na Cinelândia, no Rio de Janeiro? Alguém pode me explicar isso? Que total loucura é essa, agora, de por esse Obama-nada, a discursar na frente do Teatro Municipal, na Cinelândia, no Rio de Janeiro?! Enlouqueceram todos?

Que Obama? Quer o que, aqui, o dito Obama? Por que não vai discursar em Gaza? Por que não se mete a fazer frases, por exemplo, no Bahrein? Por que não se mete a fazer discursos, por exemplo, lá mesmo, perto da casa dele, em Madison, Wisconsin?! Por que não se mete a discursar, o Obama, digamos, boa ideia, sim, sim... em Chicago?!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Unidos da Arena, campeã do carnaval 2011

Todo mundo já sabe quem foi a campeã desse ano, mas pouquíssima gente fora do meio carnavalesco sabe a origem do império que conseguiu ganhar vários títulos, muitos deles com enredos, digamos, não tão empolgantes quanto se esperaria de uma escola vencedora.

Minha torcida estava por outra escola, mas não sou defensor de nenhuma, até porque carnaval não é a minha praia, mas me revolta muito ver esse pastiche que foi a apuração desse ano, tentando dar legitimidade a uma fraude, e não surpreende que os outros dirigentes não tivessem tomado a mesma atitude de Ivo Meirelles, presidente da Mangueira, e abandonado a apuração, a ficar comemorando pontos que não levariam a nada, afinal de contas a escola vencedora recebia um dez atrás do outro como se só ela tivesse feito um desfile perfeito, era como se as concorrentes estivessem feito o desfile de costas ou tocando maracatu em vez de samba.

Dar 9 para a bateria da Mangueira, que ganhou o Estandarte de Ouro foi o cúmulo da aberração que foi a apuração dos desfiles em um carnaval marcado por tragédias como o incêndio que destruiu alegorias e fantasias de três escolas.

Sinceramente, se eu fosse alguma coisa dentro das escolas de samba, ou pelo menos da Mangueira, parava de desfilar, quem quisesse ouvir a bateria do "surdo um" que frequente a quadra da escola, afinal de contas ela tem uma história rica demais, que nos deu, Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Jamelão não merece estar no meio desse pastiche que virou o desfile, com multinacionais patrocinando enredos, o carnaval é muito mais do que isso.

Da mesma forma que dizem que o carnaval da Bahia se afastou do povo com o excesso de mercantilização o carnaval das grandes escolas de samba está se esvaziando de representatividade, hoje os blocos de rua estão com muito mais força popular do que desfilar em uma ala de escola, afinal de contas, num bloco não tem fantasia cara, ala de passo marcado, samba de métrica difícil para agradar trocentos "autores", o que tem no carnaval de rua é a espontaneidade que está morrendo no carnaval das escolas de samba.

Segue abaixo a matéria publicada na extinta Revista Nossa História, edição nº 28 de fevereiro de 2006, clique nas fotos para ler o texto:






E para terminar um texto feito pelo pesquisador Luiz Cláudio Bezerra: A interferência militar na "Baixada Fluminense e o domínio familiar em Nilópolis" Muito esclarecedor sobre a trajetória não só da Beija Flor bem como a ascensão da contravenção dentro do mundo do samba.

Longe de querer esgotar o assunto, espero que este post sirva de esclarecimento para muitas pessoas que, como eu, se revoltam com esse excesso de mercantilismo, pasteurização e sequestro de sua legitimidade não só do carnaval, mas de todas as manifestações culturais do nosso país, de como através do pão e circo nos fazem bater palma pra maluco dançar.