quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Mais um ano que termina

Passaram-se quase dois anos da última postagem nesse blog bissexto que mantenho como registro histórico desta cidade em que nasci, e que jocosamente chamo de "balneário decadente".
Nesse tempo muita coisa mudou, com a cidade outrora maravilhosa e com este que vos escreve.

Com a cidade aconteceu o inevitável (inenarrável?), virou um gigantesco canteiro de obras, coisa que não tem nexo, nem começo, meio ou fim, derrubaram a perimetral, destruiram ruas, avenidas, arvores, casas, o que estivesse no caminho deles, como se um louco todo dia girasse uma roleta aleatoriamente e decidisse o que iriam destruir naquela semana, vivemos um caos diário, empresas de ônibus estão quebrando uma trás da outra, o BRT não dá conta de transportar a população, nem os trens e o metrô, e ainda por cima depois de passarmos um 2014 miserável com a Copa, fiasco do 7X1 (vingança dos jogadores?) e depois a eleição e a reeleição da presidente para um novo mandato, continuamos vivendo na incerteza.

Pensavamos que a coisa ia melhorar, mas não, desde janeiro um bombardeio infernal de crise se abateu sobre o governo e o país, enquanto as investigações da lava-jato começaram a prender gente graúda, não do governo, mas do mundo dos negócios, começaram pelas construtoras, passaram pelos banqueiros e doleiros e terminou com um Senador e algumas eminencias pardas do mundo da política que mostraram sua cara ao mundo pela primeira vez com nome e sobrenome. A coisa piorou, máscaras caíram, me sinto vivendo num mundo irreal onde aqueles vilões caricatos dos filmes de ação se tornarem gente de carne e o osso usando terno e gravata e com pins na lapela para identificar seu grau de importancia na sua sociedade secreta.

O que eu disse num post lá em 2013? Que esse negócio de Copa e Olimpíada ia dar problema, passamos 2013 correndo da polícia, apoiando os índios da Aldeia Maracanã (sempre disse que esse negócio do governo mexer com índio ia dar um azar danado), abraçando o estádio, até mesmo o moribundo autódromo foi alvo de um novo movimento pela construção de um novo cuja minha única contribuição foi tirar o veterano SOS Autódromo RJ do ar para dar espaço para eles, até a faixa velha de guerra foi doada à causa, não que eu não goste mais de automobilismo, mas o momento é outro e eu estou com foco em outras coisas agora.

Foram dois anos meio que fiqueifora do ar, porque a minha vida mudou, arrumei um trabalho diferente de tudo que vinha fazendo até hoje e me dedico a ele porque nele vejo sentido para minha existencia, e principalmente, me ajuda a ver o quão mesquinhos são essas pessoas que governam o país.

Me causou repugnância ver o que aconteceu nas OSCIP´s que administram os hospitais municipais, tirar remédio, salário, insumos dos  para comprar carro de luxo e cavalo de raça, e ainda ter a afronta de desviar material do hospital para tratar os cavalos enquanto os pacientes morrem à mingua?

Não precisa muito, nesses dois anos vimos de tudo, empresas, prefeitos, deputados, senadores, ministros, todos chafurdando na lama do dinheiro fácil, o governo arrecada muito, mas ao contrário do que se diz, ele não gasta mal, ele é roubado o tempo todo, debaixo dos nossos narizes, por pessoas que vão para a mídia se venderem como impolutas e probos quando na verdade estão por baixo dos panos fazendo acordos e mais acordos, tudo para satisfazer suas taras, porque quem desvia dinheiro público não passa de um depravado que não tem respeito pelas pessoas que depositam neles a esperança de receberem um pouco daquilo que são compulsoriamente obrigadas a pagar.

A elite do nosso país, salvo raras, raríssimas exceções, é podre, mesquinha, vil, faltariam adjetivos pra essa gente que só sabe olhar para seu próprio umbigo, os últimos dois anos foram bons para mostrar quem está de que lado, e principalmente, dependia da credibilidade para vender governabilidade, a cada dia que passa as pessoas podem não estar mais politizadas, mas estão mais bem informadas, e a informação é tudo.

Existe o sistema, ele governa nas sombras, não tem nome nem diretor, ele é uma entidade difusa de interesses afins, que mantém o arcabouço de corrupção que parasita o país, ele interessa a muita gente mas ninguém assume a responsabilidade sobre ele, na verdade existem gestores, aqui e ali, com maior ou menor êxito, mantêm a roleta girando e o dinheiro saindo aos borbotões nas cuecas, meias, sapatos, malas, automoveis, aviões. O negócio é roubar, carregar é que o problema.

O delegado Protógenes, que ficou célebre na Operação Satiagraha, que eu considero como o "ground zero" de tudo isso que vem acontecendo no país desde 2004, quando começou a grande paranóia de eventos e obras monumentais para inserir o Brasil no mundo, ele dizia que investigar crime financeiro era simples: "follow the money", dizia, e é verdade, não há crime sem o produto do roubo, sem produto do roubo não há porque roubar, ninguém chega a um cargo de mando sem ter sido empurrado lá pra cima, e pra se chegar lá, dependendo onde for, custa muito dinheiro.

Desde as caravelas se rouba no Brasil, não por gosto ou vocação, mas por uma questão de fé, de que as elites, o patriarcado, os escolhidos, ou seja lá que nome quiserem dar a essa corja, se consideram os únicos capazes de governar e assim tomar a máquina pública pra si.

Esquecem que o sistema corrupto que criaram está montado dentro de um sistema maior, que o sustenta, e que pode destruí-lo, basta haver pessoas capazes e com coragem de fazê-lo.

Há muito que mantenho uma tese de que existe um "inception" dentro do governo, que a mudança de paradigma política tirando a dualidade PSDB X PMDB se infiltrou dentro da máquina, destrinchando os acordos, criando um organograma da corrupção de baixo para cima.

Antes o sistema descartava aqueles que caíam, mas se blindava, de fora se via apenas a pequena parte do iceberg, se protegiam mutuamente, numa malha impenetrável onde quem tinha acesso devia obediência a quem estava acima e esperava pacientemente seu quinhão maior, os que cediam à ambição caiam em esquemas "ladrão de galinhas"  saiam de circulação, mas agora, em vez de pegarem peixinhos estão pegando tubarões, tubarões-baleia.

O sistema está em pânico, a saída foi criar "a crise", mas quem está sufocando o sistema sem o seu sangue (leia-se dinheiro) é o governo, que aos poucos descobre, prende e retoma aquilo que foi roubado, e às vezes solta um ou outro para que, rastreado e vigiado, entregue outros iguais, como foi o caso da gravação feita pelo filho de um dos presos na Lava-Jato que levou à reviravolta política que estamos assistindo agora.

O inception está apenas começando, é como um vírus, vai se espalhando, seguindo o cheiro do dinheiro, do enriquecimento ilícito, da ostentação desmesurada dos funcionários públicos (todos eles, do presidente da república ao faxineiro mais humilde que estão sobre o mesmo estatuto, o são), pegando um a um, mostrando para o sistema, apavorado, que ele terá de abrir mão de uma parte importante de seus lucros para sobreviver, se sobreviver.

Mas cabe aqui uma explicação, quando falo governo não estou falando da administração eleita, é algo mais fundo, uma entidade maior e mais antiga, o sistema, ou pode chamar de República, o grande arcabouço formado pela maioria silenciosa de funcionários públicos que honra o país com seus serviços.

Esses homens e mulheres, servidores dos mais variados escalões, em todos os campos da administração pública, sempre estiveram lá, anos a fio, assistindo o desmonte criminoso da máquina pública, agora, de dentro do sistema, começam a destruir aqueles que montaram seus impérios sobre o dinheiro roubado da sociedade.

É uma idéia difícil de entender para quem vive dentro das brigas partidárias ou das discussões ideológicas, o Estado não tem ideologia, tem leis, e estas devem ser cumpridas, e para isso acontecer, o governo transitório eleito para mandatos de tempo limitado, o executivo, não pode lhe colocar amarras, muito menos o legislativo lhe criar embaraços, os três poderes são autônomos e equânimes, mas somente o judiciário tem o poder de governar de fato, pelo império da lei, e é este que está hoje tentando levar a cabo a maior operação de limpeza do país em toda a história de sua existencia.

Durante a década de 80 e 90 vimos o sistema de investigação federal ser desmantelado, primeiro com o fim da ditadura militar, onde a comunidade de informações, foi dissolvida e boa parte dela atraída e absorvida para o crime organizado os que sobreviveram à transição tiveram que sobreviver também à mingua de recursos e o desprestígio de verem engavetadas suas investigações.

De 2002 pra cá a coisa mudou, silenciosamente, as investigações começaram a acontecer, mas o sistema era forte e as bloqueava, mas à medida que os quadros dentro do serviço público mudavam, e novos servidores entravam, vocacionados pelo espírito público, aos poucos as barreiras foram caindo, e o que antes era a prova de um governo corrupto desnudou um sistema corrupto, O Sistema.

Descobriu-se que a raiz da corrupção remonta a décadas anteriores ao atual governo, ou o atual partido no governo, e que a carapuça que queriam botar em um serviu a todos, desnudando a corrupção a olhos vistos, sem coloração partidária, pura e simples como a luz do dia.

A imprensa, desnorteada como sempre, usou suas velhas táticas de polarização contra o governo no intuito de paralisar as investigações, mas quando mais gritam, mais fundo cravam o punhal no coração do Sistema, paralisando e aturdindo aqueles que antes se achavam intocáveis.

Chega a ser divertido assistir a TV Camara nesses dias, a cara de pânico de uns contrasta com a tranquilidade de outros ao assumirem o microfone da galeria para falar. De dentro eles sabem de tudo, ou quase tudo, que é feito, seja bom ou ruim. Para algumas "excelências" o gosto dos últimos dias de Pompéia está próximo, para outros a certeza tranquila de que conseguiram antes do fim dos seus mandatos assistir a queda de muitos parasitas que entraram para a vida pública para atender seus desejos inconfessáveis de lucro e poder.

O Sistema não vai cair sem luta, vai jogar pesado, vai usar suas armas mais sórdidas para atingir seus objetivos, estamos assistindo uma guerra surda, como um espectador que assistisse de longe os clarões de uma batalha ao anoitecer, mas a guerra está bem perto de nós, ela está entre nós, não me surpreenderei se acontecerem revoltas populares, o Sistema pretende colocar milhares de trabalhadores na rua, os soldados do Sistema estão aí para cumprir ordens, e a ordem agora é parar as investigações a todo o custo, nem que para isso tenha que se jogar o país numa guerra civil para emparedar o governo.

É uma guerra suja, mas numa guerra é importante saber o tamanho do inimigo, durante anos, décadas, sempre imaginei que o sistema era algo sofisticado, intrincado, sem rostos ou nome, um inimigo que não se vê ou não se sabe o seu tamanho é difícil de se enfrentar, mas quando se dá a ele uma dimensão e alcance, nomes e rostos, sabe-se que o inimigo é de carne e osso, e que sangra e morre.

E hoje o que assistimos é a redução desse inimigo a nomes e rostos, e que essas pessoas estão ao alcance do braço da lei, por mais que corram, esperneiem e ameacem, a lei vai alcançá-los, o inimigo incomensurável está sendo retalhado em pedaços, esquemas individuais que formavam o grande arcabouço, aqui e ali, caem, pequenos e grandes, dez milhões, cem milhões, um bilhão, não importa, a cada nome descoberto, a cada sortida da PF para executar mandatos de busca e apreensão, descortina uma parte do grande tapete para onde for varrida a sujeira do país por todos esses anos.

Espero que 2016, mesmo com a Olimpíada, seja um ano bom, para todos nós, ver o Estado fazendo seu trabalho, apesar dos erros do governo, me faz ver claramente que a tática é dar corda para ver o esperto se enforcar, primeiro foram as empreiteiras, agora a saúde, quem será o próximo a cair na armadilha?

Um bom Natal e 2016 para todos meus milhares (mentira...rs) de leitores, não esperem novas postagens tão cedo, isso foi apenas um desabafo, quase pra pontuar o tempo, se tiver algo novo para contar, eu volto, ou não.

Um grande abraço.











sexta-feira, 16 de agosto de 2013

As duas agendas de Eduardo Paes





Há algum tempo, ouvi uma frase do Eduardo Paes que me deixou com a pulga atrás da orelha:  a famosa "tenho duas agendas", em que o prefeito dizia que tinha uma prioridade para o subúrbio e outra para a zona sul, como se  fossem duas cidades distintas que não fizessem parte do mesmo tecido urbano.
Ao ser perguntado certa vez se andaria de BRT ele respondeu: "Eu sou prefeito, tenho carro, eu fiz isso aí pra pobre".
O prefeito adora colocar nas suas frases termos para desqualificar e rotular as coisas e as pessoas, como se tivesse necessidade de organizar a cidade em patamares sociais em que para cada um tem um tipo de comportamento administrativo diferente.
Essa postura demonstra, primeiro de tudo, um claro desprezo à pluralidade social do Rio de Janeiro, aspecto que o torna único entre as cidades brasileiras, e é sua característica marcante.
Um exemplo foi dado na entrevista para a Band News quando ele diz que o "burguês" pode pagar plano de saúde e escola particular,  enquanto o "pobre" tem que se contentar com a escola pública, demonstrando um desprezo pelo processo educacional, que tem que ser  igualitário para todas classes sociais.  Ao fazer tal distinção, Paes  reforça seus próprios conceitos racistas e de determinismo social,  considerando a educação apenas como um serviço utilitário, sem nenhuma contrapartida pedagógica, ou principalmente, de enriquecimento pessoal através do estudo.
O prefeito coloca a cidade dentro de um projeto administrativo que visa apenas o lucro e a otimização de resultados, descartando-se o fator humano, como se para os "pobres" a melhor coisa a fazer fosse desumanizá-los, para não ter que olhar para seus dramas cotidianos, tais como o transporte, lazer, saúde e educação.
O prefeito não tem interesse em entender a cidade e seus problemas, ele criou um conjunto de soluções que só ele sabe a quem atende, soluções dadas de cima pra baixo, sem ouvir a população, que quando se manifesta contra algum ato, a reclamação é logo desqualificada como sendo "ato político da oposição".
Toda a crítica dirigida a ele é mal recebida, porque o prefeito se coloca como um grande administrador, quando na verdade não passa de um gerentinho de obras prontas, que quando é chamado para resolver problemas,  ouve, mas não acata, e quando o faz é sob forte pressão da opinião pública e da mídia.
O prefeito, ao ser entrevistado seja por quem for, tenta desqualificar seu interlocutor dizendo que ele é igual ao entrevistado, colocando-o no mesmo patamar sócio-econômico-cultural  e oposto ao povo. É como se ele dissesse: "o que você está fazendo aí lutando por uma causa que não te afeta? Fique do meu lado e esqueça esses pobres aí".
Talvez ele seja o pior prefeito em todos os tempos da nossa cidade, não pelo que fez, o que já é muito ruim, mas pelo que pensa, e, principalmente, por tentar mudar a cidade de uma forma que não está melhorando-a, mas sim desfigurando-a de forma irremediável.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

O país sequestrado

As pessoas ficam abismadas quando vêem as cenas de violência nas ruas praticadas pelas forças policiais e não entendem como podem ser tão truculentos, tão insensíveis, estamos acostumados à violencia policial cotidiana, nas favelas, nas incursões contra bandidos, mas nada com a magnitude que estamos assistindo nos últimos dias.

A FNS presente na segurança dos estádios, na verdade é a guarda pretoniana da FIFA, cujo poder sobre o país é maior do que se pensa, foi treinada por anos no Haiti, nas ações da Citte de Soleil e outros lugares miseráveis daquele país, praticaram suas táticas de terror e anti-guerrilha em cima de um povo "invisível" e "descartável".

Em 2006 a morte altamente suspeita do comandante das tropas me acendeu o sinal de alerta, não são incomuns casos de suicídio nas Forças Armadas, mas no caso essa morte se deu em circunstâncias muito estranhas, a tropa estava há algum tempo no país, as coisas iam até bem, o que explicaria uma situação tão radical dessas?

Fui Militar por 4 anos apenas, mas aprendi muito do que é hierarquia ali, e um das coisas que sempre coloquei é que "ordem absurda não se cumpre", o suicídio do general teria sido por uma ordem absurda? Vejamos.

As tropas da ONU são conhecidas como mantenedoras da paz, claro que na maioria das vezes casos deploráveis com esses efetivos acontecem, mas na maioria das vezes sua presença é elogiada e incentivada.

A presença do Brasil no Haiti não foi para "garantir a paz", ela seria garantida pela Cruz Vermelha, Medicos sem Fronteiras, batalhões de engenharia, o que ela foi fazer lá foi treinar militares para conflitos extremos em áreas urbanas, treinar com um "povo descartável" foi uma ótima maneira de preparar esse contingente longe dos olhos da nação.

Todos os militares que participaram dessa ação assinaram termos de compromisso em não relatar o que viram, muito ficaram deprimidos, outros pediram afastamento da tropa, deram baixa, mas aqueles que continuaram hoje fazem parte de uma elite qua cumpre as ordens do comando sem pestanejar.

Um "convencional", no jargão da PM, mora aqui, vive aqui, tem vizinhos amigos e parentes que provavelmente estiveram ontem na linha de fogo, lógico que quando voltaram ontem pra casa estavam com a caixa de mensagens de seus telefones celulares cheias de pedidos de socorro, de pessoas presas em locais acuados pela tropa de choque.

Há uma clara discrepancia de comportamenteo, de um lado vemos PM´s bonzinhos não interferindo nas manifestações e de outro uma tropa truculenta atirando a esmo, não são a mesma tropa, elas não estão nos mesmos quartéis, não dividem o mesmo rancho, não usam o mesmo equipamento nem ganham o mesmo salário.

São mercenários a serviço do capital e do poder ecoôomico, tropas pagas do nosso bolso para defender territórios e soberania nacional vendidos à FIFA e ao COI (olimpíadas, esqueceram?).

Quando virem essas tropas nas ruas, tenham certeza de uma coisa, elas representam provavelmente o que levou aquele general a se suicidar para não cumprir uma ordem absurda, treinar militares com alto grau de agressividade para ferir e matar seu próprio povo, sabemos que na doutrina militar o valor da vida humana é relativo, mas não ao grau de barbárie que estamos assistindo.

Podem dizer que estou maluco, mas para mim faz sentido,e  tem mais, ainda falta descobrir para quem eles trabalham realmente, o poder econômico da FIFA é claro pois ela comprou das mãos de Lula e Dilma a soberania nacional, hoje a presidência do Brasil é ocupada mais pelos interesses da FIFA do que os interesses dos cidadãos brasileiros.

O que existe de tão atemorizante para os governos não romperem esses contratos? Que tipo de vampiro deixamos adentrar dentro de nossas casas ao convidarmos a FIFA a realizar a Copa aqui?

Estamos reféns de um governo fantoche da FIFA, a eleição da Dilma a cada dia se caracteriza como uma fraude na qual os grandes conglomerados de comunicação participaram de forma ativa, e hoje, à medida que vem se esfarelar sua credibilidade e lucros tentam levantar barreiras diante da maré avassaladora de povo nas ruas clamando por mudanças.

Os velhos e novos reaças de direita e esquerda virão repetir seus argumentos batidos, mas o que existe de fato é um sequestro do país e de seus cidadãos por uma organização transnacional multifacetada (FIFA, COI, bancos, conglomerados de comunicação, grandes trustes economicos enraizados na exploração mineral e vegetal do país).

Pensem nisso, estamos enfrentando algo muito grande, mas que tem pés de barro, ele cairá na medida que as pessoas entenderem que todo esse governo, mídia, empresas, são todos descartáveis, e que a única coisa que importa é que nos libertemos desse cartel de interesses.

Tá bom, eu sou maluco, mas há oito anos disse que ia dar merda esse negócio de Pan, Copa e Olimpíada, agora a coisa tá toda aí.

Tirem as suas próprias conclusões...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Caos nosso de cada dia

É sexta-feira, dia em que geralmente a rua está agitada, há música no ar, cadeiras no bares, pessoal conversando, uma alegria pelo fim da semana de labuta, a pequena alegria cotidiana de tantos cariocas.

Mas hoje está diferente, há um silêncio profundo vindo da rua, silencio que só escuto altas horas da noite, e olha que são só dez da noite, mas ficou assim o dia inteiro, ao cair da tarde, apesar de morar de fundos, sempre escuto a sinfonia de buzinas dos cruzamentos próximos da casa, hoje não. Saí para pagar uma conta na loteria no final da tarde, e onde geralmente encontro grandes filas apenas uma moça com um carrinho de bebê.

As ruas estão vazias para o horário, vindo na direção contrária um grupo de estudantes do colégio estadual próximo dali, alguns jovens passam vestindo preto, já acostumei a associar essa vestimenta com aqueles que estão "indo pra guerra" dos protestos, e não são poucos trajados assim, vários, compenetrados, preocupados, a história mais uma vez está nas mãos deles.

Durante todo dia ouvi helicópteros passando sobre o prédio, de vários tipos, dá pra reconhecer pelo barulho que fazem, os mais pesados tem uma batida de hélice diferente, começam a passar cedo, oito da manhã já tinha um reverberando as janelas. Bom dia Vietnã?

Ontem e hoje a imprensa acordou para o que está acontecendo no país, desde segunda feira os protestos ganharam força, em algumas capitais antes disso já haviam incendiado até ônibus, os protestos são contra o aumento das passagens, mas tem mais coisa dentro disso, diria que foi a gota dágua que transbordou o copo.

Nem preciso falar das imagens que estão por toda parte, na imprensa, nas redes sociais, pessoas machucadas, feridas, policiais partindo para cima de manifestantes desarmados, parece que de uma hora para outra a grande imprensa descobriu que ela é tão descartável quanto o povo que apanha nas ruas, pois para o governo não interessa que se noticie os fatos, apenas as verdades que eles inventam para enganar o povo.

E o povo? Esse eterno gado adormecido, o que está fazendo? Foi pra rua protestar, claro, e agora mesmo quem não está participando democraticamente entra no cacete da polícia, orquestração para deixar o povo revoltado ou apenas um bando de psicopatas fardados agindo à revelia do comando da tropa?

As revoluções são dolorosas, deixam vítimas, algumas fatais, às vezes muitas, mas é com sangue que se forma uma nação, claro que aqui poderia ser diferente de tantos lugares onde isso vem acontecendo, mas é sempre assim, quando não vai pelo amor, vai pela dor.

Faltam dois dias para o começo do grande evento, passamos os últimos seis anos "esperando Godot", o grande dia chegou.

Godot chegou e tem fome... muita fome.

Tudo que se falou nos últimos anos está acontecendo, as pessoas foram céticas até agora, conviveram com todas as denúncias, foram ruminando, vendo a cada obra superfaturada ser inaugurada o inversamente proporcional acontecer com os serviços públicos, parece uma coisa orquestrada, mas não, é apenas incompetência de um sistema viciado onde se arrecada muito e se presta pouco serviço a quem pagou.

Isso vai indo, indo, até que um dia explode, e é o que está acontecendo.

Não adianta amanhã o governo dar até tarifa zero na passagem, ele já encheu as medidas, de tudo, está na hora da fila andar.

Se há uma coisa boa nessa história é que agora sabemos que todos eles estão no mesmo saco, no afã de governar sem oposição os governistas fizeram acordo com todos, juntaram do mesmo lado para fazer um reich de mil anos, só que esqueceram de combinar com aqueles que pagam a conta.

Esse governo vai cair, não há dúvida, a base está rachada faz tempo, mas o solo em que se apóia precisa se mexer, esse solo é o povo.

Os próximos dias serão interessantes.

E pensar que tudo começou com uns garotos de preto no Orkut.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Só o desamor corrói...

Ontem passei pelo entorno do estádio do Maracanã por volta de dez e meia da noite, de ônibus, e vi o cenário de caos instalado: Operários trabalhando debaixo de chuva as calçadas destruídas, cheias de equipamentos e entulho, concreto sendo despejado debaixo às pressas para fazer calçadas sem as árvores que há décadas estavam ali dando sombra e regulando a temperatura da pista de caminhada que não existe mais, o Júlio DeLamare  sitiado por tapumes, a estátua do Bellini isolada por uma cerca com uma calçadinha ridícula de mosaico vagabundo que em poucos meses estará toda esburacada, o Célio de Barros sitiado por retroescavadeiras ostentando marcas do consórcio enquanto na parede do estádio estão amareladas fotos dos grandes atletas do passado e a frase "centro nacional de Atletismo", não mais.
Onde estava a pista em que atletas de todo país e até do exterior vinham treinar e competir? Hoje só tem entulhos e máquinas, nem mesmo o entorno que antes era frequentado por pessoas que faziam suas caminhadas matutinas e vespertinas existe mais, e talvez nunca volte a existir, já que o destino daquele lugar é virar um centro comercial, com lojinhas pra rua, o que não combina com atletas correndo e treinando. Naquele complexo esportivo havia pessoas que dependiam dele, idosos que faziam suas atividades físicas, crianças deficientes, havia projetos sociais, histórias destruídas pela ganância e ignorância dos governantes.
É um Estado que agride pessoas em nome do lucro fácil, é mais fácil vender a cidade do que administrá-la, mais fácil deslocar os cidadãos do que integrá-los à sociedade, é tudo fruto de um egoísmo e de uma sordidez sem tamanho.
Até quando, meu Deus assistiremos a isso impávidos? Quando viadutos e estádios caírem sobre nossas cabeças ou então uma retroescavadeira entrar pela sala porque sua casa está no caminho de uma obra sobre a qual nem você nem a sociedade foram consultados, mas que interessa a alguém porque ela será superfaturada e dará muito dinheiro a algumas pessoas que estão no poder, ou sempre estiveram puxando os cordões de pseudo-governantes pulsilâmines, que têm na mão o poder que não exercem em nome do povo, preferindo vendê-lo para quem paga mais.
Não é a falência do estado apenas, é a falência dos homens públicos, é a falência da sociedade, não é um estádio que rui que será o estopim disso, já estamos nisso faz tempo, mas a água ainda não bateu na bunda pras pessoas despertarem, quem sabe mais uma tragédia, mas uma obra mal-feita, até quando a imprensa vai esconder, cooptar e maquiar os fatos? Até quando o gado vai aceitar ficar atrás da cerca?

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sobre pesquisas eleitorais e estatísticas

Postagem de Flavio Sampaio no Facebook

Sintam-se a vontade para compartilhar.

Só para discutir estatística. Aquela "margem de erro" das pesquisas diz respeito ao erro tolerável NAQUELA PESQUISA. Dizer que a pesquisa tem 3% de margem de erro significa que, dos 1000 formulário preenchidos, 30 podem ter sido digitados errados, viciando o resultado da eleição. Isso não significa que a amostragem eleitoral respeitou diferenças sociais, econômicas, etárias...

Só outra crítica: o eleitorado carioca é formado por 4,7 milhões de cidadãos. Mil eleitores representam 0,02 % do eleitorado. Deve ser mesmo levado a sério?

Você ainda acredita nas pesquisas eleitorais? Vota orientado por elas? Pense mais uma vez...

Como se não fosse bastante suspeito o Prefeito-Candidato, durante o mandato, abrir uma pacote de bondades para o filho do dono do IBOPE...
http://blogdoparrini.blogspot.com.br/2012/08/bomba-eduardo-paes-paga-r-34-milhoes.html

As pesquisas de 2008 erraram VERGONHOSAMENTE. A uma semana das eleições elas davam como certo um segundo turno entre Paes e Crivella. Coisa que sabemos não aconteceu...

http://oglobo.globo.com/eleicoes-2008/ibope-rio-paes-tem-29-crivella-24-gabeira-sobe-para-10-5009998

http://www.votebrasil.com/noticia/politica/datafolha-no-rio-paes-lidera-com-29-a-frente-de-crivella-18-e-gabeira-15

Você ainda vai orientar seu voto pelas "pesquisas" que andam sendo publicadas por aí?

IBOPE. 27/09/2008
Paes: 29%
Crivella: 24%
Gabeira: 10%

DATAFOLHA. 27/09/2008
Paes: 29%
Crivella: 18%
Gabeira: 15%

Resultado do 1º turno. 04/10/2008
Paes: 32%
GABEIRA: 25,6%
Crivella: 19%

Essa "margem de erro" ficou bem grande, não? A quem interessa que nosso voto seja orientado pelas pesquisas?

Você orienta seu voto pelas pesquisas? Será que não estão te manipulando? Isso não te incomoda?

Outros números que me parecem interessantes:

Nas eleições de 2008 (segundo turno).
Eleitores habilitados: 4.573.365
Comparecimento: 3.652.115 (mais de 900 mil abstenções)
Votos válidos: 3.337.165 (Menos de 315 mil votos em branco e nulos)

Paes: 1.696.195
Gabeira: 1.640.970 (pouco mais de 55 mil votos a menos que o Paes)

Lembrando que naquele ano o segundo turno foi dia 26/10, e dia 28 era dia do servidor público, que não é feriado. Prefeito e Governador deram 27 e 28 de ponto facultativo, o que retirou boa parte de eleitores letrados e informados da cidade. Naquele ano também o Paes ganhou coisa de 200 mil votos do primeiro pro segundo turno.

Nesse ano o eleitorado carioca cresceu cerca de 3,1%. Vamos aos números:
Eleitores habilitados: 4.719.607

A se aplicar esse porcentual nos demais números...
Comparecimento: 3.765.331
Votos válidos: 3.440.617

O que não é regra. É apenas uma estimativa. Mas, trabalhando com essa estimativa precisamos que o candidato em primeiro lugar tenha menos de 1,7 milhões de votos para termos um segundo turno. Esse ano também prefeito e governador não terão facilidade para "inventar" feriados e tirar da cidade aquela parcela da população mais politizada e crítica, de quem o Paes tem tanto medo.

Por isso tudo, digo #VaiTerSegundoTurno e eu #FechoComFreixo50
Até a vitória, em outubro.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A cachoeira da Delta

Faz um bom tempo que esse blog não é atualizado, mas diante da avalanche (cachoeira?) de informações a respeito da rede de corrupção que se entranhou no governo municipal e estadual (ou nasceu dele, aí eu não sei), vou colocar aqui alguns links importantes pra todo mundo começar a entender o que está acontecendo.

http://www.youtube.com/watch?v=nDwconIEzkM (a história do Cabral no apartamento do irmão de Eduardo Paes).

http://daciomalta.com.br/?p=10174 (as ligações da prefeitura com a delta)

http://daciomalta.com.br/ ( o blog do Dácio, com várias notícias a respeito não só a respeito da prefeitura, bem como sobre a Delta e o Governador Ségio Cabral).

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1082835-btg-pactual-fica-com-30-da-rede-de-academias-bodytech.shtml  (A ligação do irmão prefeito com figuras importantes do esporte olímpico)

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,apos-divorcio-cabral-mora-em-apartamento-de-banqueiro,743584,0.htm


http://www.novojornal.com/politica/noticia/esquema-pactual-delta-direcional-rme-une-psb-e-pt-ao-psdb-12-04-2012.html  (tudo junto e misturado).

Em breve postarei mais links sobre a situação nada boa do prefeito e do governador, mas deixo apenas uma perguntinha para pensarem a respeito: Será que depois de tudo isso ainda teremos condições morais de receber algum evento? Com tanto dinheiro desviado e tanta corrupção atica e passaiva, será podemos deixar que ainda se gastem bilhões com obras faraônicas para Jogos Olimpicos e Copa do Mundo?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ligações perigosas

Desde do último dia 16, escancaram-se nas páginas dos jornais a relação promíscua vivida entre o governador Sérgio Cabral e um dos tubarões da construção civil nacional, Fernando Cavendish, presidente da Construtora Delta.

A queda do helicóptero desnudou mais uma farra corriqueira do governador, useiro e vezeiro de escapadas no jato do seu amigo Eike Batista, para uma festa de arromba num resort em Porto Seguro.

Muito além da simples tragédia pessoal do governador, ela pode marcar o fim de sua carreira política como conhecemos, isso se pegarmos leve, porque a quebra de decoro pode levar até um processo para todos os envolvidos.

A começar pelo fato que não fica bem um funcionário público receber benesses de fonecedores do estado, isso é lei federal perfeitamente aplicável no caso dele, fosse ele um funcionário público de carreira a essa altura estaria perdendo o cargo e o emprego.

Mas infelizmente no Brasil essas coisas se varrem para baixo do tapete, afinal de contas, na política, paparicação de empresário faz parte da moeda de troca, a maioria destes "representantes do povo" sucumbem facilmente aos seus baixos instintos aceitando subornos, favores, e nos casos mais renitentes, extorsões e ameaças.

Infelizmente estamos cada vez mais longe da época que se um político queria medir sua popularidade ele ia a pé ou de bonde para o trabalho, lembrando que quando a capital federal era aqui no Rio de Janeiro, muitos políticos moravamo no Hotel Serrador em frente ao Palácio Monroe, ou nas adjacências da Rua Senador Dantas onde existiam (e ainda existem) vários hotéis que hospedavam vários deputados e senadores de outros estados.

O próprio Getúlio, quando queria pressionar o Congresso fazia um simples teste de popularidade, saía do Palácio do Catete a pé até o Monroe, seguido por uma multidão, ou então pegava um bonde, não raro um senador ou deputado fazia uso desse transporte como um cidadão comum, incógnito, hoje eles não têm mais coragem de fazer isso.

Agora eles andam em carros blindados, helicópteros, aviões executivos, quando foi a última vez que você viu um senador ou deputado federal na fila de um check in de aeroporto? Geralmente ficam numa salinha reservada dos olhares curiosos, e não raro embarcam em aviões fretados ou jatos particulares "gentilmente " cedidos por lobistas.

Tudo tem um custo, um senador vale um milhão, um deputado uns 500 mil, um vereador se compra com troco de pinga, uns 20 mil paga, tudo para ter aquela obra aprovada, aquela lei liberada, aquele embróglio jurídico destravado com um "telefonema amigo" para o magistrado encarregado ou o superior dele, e assim vai funcionando a bananalândia conhecida como Brasil.

Brasil vem de brasa, a cor da seiva usada para tingir tecidos, cor da realeza, cor do sangue, sangue que está faltando no povo brasileiro.

Sofremos um estelionato eleitoral, o governo está fazendo de tudo para proteger os grandes eventos, a ponto de abrir mão do Creative Commons, a ponto de estar estudando um AI-5 digital para impedir a livre manifestação na internet, tudo para proteger direitos de lucros de empresas corruptas como COI e FIFA.

Eu falei empresas? Sim, empresas, nada mais do que isso, são empresas que coordenam, realizam e divulgam eventos esportivos, são supranacionais, recebem facilidades do mundo inteiro em troca de deixar governos "bonitos na foto".

O esporte em si é mera fachada, o que importa por trás de tudo são obras, direitos de imagem, direitos de transmissão, propaganda, marketing, muito marketing, tudo para viabilizar um simples joguinho de bola ou uma atividade esportiva que em sua essência poderia ser praticada em qualquer lugar.

Logo, um governo, se entregar a uma aventura como essa, que já se mostrou desastrosa para muitos países, como a Grécia ou a África do Sul, é a prova cabal que ele não trabalha em prol do povo, mas sim em função do capital, e o pior é que quem trouxe esses eventos para cá foi justamente um operário que virou presidente.

Acho que está na hora do povo brasileiro acordar, exemplos lá fora não faltam, a Grécia está na pior por contas das dívidas contraídas nos Jogos que realizou, a África do Sul não conseguiu sair do atoleiro social em que vive, então o que pensar de um país imenso como o nosso, com um monte de demandas sociais não atendidas, com um povo pobre com baixos níveis de consumo e escolaridade, o que farão com os equipamentos esportivos inúteis após os Jogos e a Copa? Temos demanda para eles?

E o que pensar nos custos? Não só das obras, mas dos serviços? Essas empresas, FIFA e COI, direcionam empresas para prestar serviços, cujos preços não podem ser discutidos, elas, e apenas elas, pdoem realizar tais serviços para o evento.

Se vivêssemos em um mundo ideal, essas obras estariam sendo pagas com dinheiro privado, o governo poderia, por exemplo, dar o terreno, e em troca receber alguma benesse social do equipamento, mas não é o que acontece, o que assistimos é o terror do Estado sobre o cidadão, com o precendente que está se abrindo com esses eventos, em qualquer momento o Estado pode violar o direito de moradia, pensamento e expressão das pessoas, tudo em troca de quinze dias de farra, e enquanto isso o mundo dá risadas da nossa ignorância, vendo o peripatético presidente do COB com aquele riso cadavérico desfilando nos eventos como um papagaio de pirata, a imprensa dizendo amém a tudo.

Temos que impedir que os eventos aconteçam, as obras que estão sendo feitas no momento, em sua maioria são de infra-estrutura que JAMAIS poderiam estar contigenciadas a um evento, pois isso no código de defesa do consumidor - somos consumidores do estado, certo? Pagamos e recebemos serviços em troca - é venda casada, não podemos receber obras viárias importantes para desafogar o trânsito da cidade só porque vamos receber Copa e Olimpíada, isso é obrigação do governo de fazer, mas só o faz porque tem uma desculpa para arrancar mais dinheiro dos cofres públicos e direcioná-los indevidamente para obras inúteis e superfaturadas.

E ainda por cima da forma que estão sendo feitas, destruindo o tecido urbano, desalojando famílias. Quem diz que essas pessoas são egoístas, que o interesse privado não pode se interpor ao público, é porque está escondido no quentinho de sua casa, com dinheiro no bolso e tendo pra onde ir, aquelas pessoas que foram desalojadas para passagem das obras moravam há décadas nesses lugares e foram postas na rua junto com entulho, como se não valessem nada, não há uma mínima fagulha de respeito a essas pessoas, quem está dando essas ordens está escondido atrás de uma mesa dentro de um escritório da prefeitura bem longe dessas pessoas, isso está acontecendo agora enquanto escrevo este texto, e vai continuar acontecendo até 2016, e a julgar pela impunidade que a prefeitura vem tendo, isso vai continuar no futuro criando uma total falta de segurança jurídica de se viver nessa cidade.

O Rio de Janeiro é uma cidade muito antiga, 400 anos não são simples de administrar, a cidade tem vários núcleos históricos, Campinho era um desses, foi arrasado, ironicamente só sobrou uma placa indicando "Caminho Imperial" "Capão do Bispo", aquele lugar era o entroncamento entre rotas importantes da colônia e do império, e foi arrasado sem nenhum estudo histórico, para a prefeitura, se não está na Zona Sul ou no Centro, não existe, por isso esse desprezo com a população da Zona Norte, que vem sendo tratada como entulho, populações sendo removidas em vez de reassentadas, como deveriam ser as pessoas, que, acima de tudo, são cidadãos pagadores de impostos.

Já assisti esse filme antes, em 2007, e a continuação dele (trilogia? 07-14-16?) não será bonita de se ver.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

CAPES e ANPG se manifestam

Entrevista com o presidente da Capes PDF Imprimir E-mail






Terça, 17 de Maio de 2011 12:25






Capes torna sem efeito Ofício Circular nº 32/2011, enviado aos pró-reitores de pós-graduação no dia 2 de maio, que trata do cadastramento de bolsistas com vínculo empregatício remunerado. Mais esclarecimentos na entrevista com o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães:

1. A Capes e o CNPq publicaram no dia 2 de maio uma nota sobre acúmulo de bolsa e vínculo empregatício, relacionada à Portaria Conjunta CAPES-CNPq n° 01/2010. Qual o motivo desta nota, quase um ano após a publicação da portaria?

A portaria tinha e continua tendo a intenção de estimular o estudante a ter a possibilidade de ser contemplado, durante a pós-graduação, com um vínculo empregatício. Não queremos estimular mecanismos de risco para o que é o principal objetivo da pós-graduação: estimular jovens que estão cursando pós-graduação, sobretudo os provenientes da iniciação científica, a obter um desempenho que permita um vínculo empregatício. Com a portaria, o bolsista que se desenvolveu bem no mestrado ou no doutorado e tem a oportunidade de trabalhar numa empresa ou em uma instituição privada para dar aula, por exemplo, poderá fazer isso legalmente, diferentemente do que acontecia antes, quando trabalhavam sem carteira assinada e sem comunicar às agências. Mesmo assim, há que se considerar a questão do tempo de dedicação ao curso e ao emprego, o que só pode ser decidido pelo orientador do bolsista, endossada pelo coordenador de pós-graduação (CPG).

Isso é importante para a instituição que contrata e para o aluno e é um exemplo para os colegas dado o seu desempenho. De maneira nenhuma a portaria estimula que, para ganhar bolsa, tenha que ter vínculo antes. O vínculo antes é o problema, pois é preciso que seja o orientador que autorize: salvo em pouquíssimos cursos, o aluno que está entrando não tem orientador ainda, e, quando tem, é tão novo que não sabe se o aluno tem desempenho suficiente e em que nível está o desenvolvimento de sua tese ou dissertação, portanto, como pode fazer isso antes? Isso só pode ser feito depois. E o depois é pelo menos seis meses. Não acredito que antes disso possa permitir ao orientador uma visão clara para essa autorização.

Por que a nota? Porque houve interpretação indevida e imprópria para atender casos específicos e particulares à revelia do juízo do orientador sobre a pertinência da concessão da bolsa, baseado do desempenho do aluno, após o início do curso e do projeto de pesquisa. Há casos de pessoas com vínculo na própria instituição sendo estimuladas a fazer o mestrado por causa da bolsa. Não é esse o papel da Capes e do CNPq. Não se trata aqui de considerar a bolsa como complementação salarial. Esta condição está contemplada de forma exclusiva para os professores da Rede Pública de Educação Básica, prevista na Portaria Ministerial nº 289, de 31/03/2011, modificada pela Portaria nº 478, de 29/04/2011. A formação é para prepararmos mais jovens para o bom desempenho em suas áreas de atuação para o desenvolvimento do país e não para complementar o salário que a pessoa já tinha. Em algumas instituições e cursos, o fato de já ter o vínculo empregatício estava predominando para a seleção, sendo que esta deve ser feita por mérito.

Quem deve decidir se o bolsista tem desempenho suficiente para ter ou não vínculo empregatício é o orientador, não o curso. Só o orientador sabe quem são os alunos qualificados para essa possibilidade. Cada um tem uma média de 4 a 6 orientandos e é obvio que nem todos merecem ter essa autorização. Alguns terão, outros não. Portanto, houve sim falta de consideração para com a motivação maior da Portaria Conjunta Capes-CNPq n° 01/2010, que é clara e objetiva. O que houve foi a emissão de uma circular de setor da Capes sem a ciência da Presidência desta agência e muito menos do CNPq, e que levou ao sobressalto que estamos verificando.

2. Quais são então as regras para o acúmulo de bolsa e vínculo empregatício no âmbito da Capes?

Como eu disse anteriormente, a regra básica é que o aluno bolsista possa ter a possibilidade do emprego depois de já estar matriculado, quando seu orientador já tiver um conhecimento mais aprofundado sobre sua capacidade de se desenvolver no curso. Ou seja, como um produto do ganho do próprio curso de pós-graduação. Se não, nós prejudicamos a base inicial desse processo que é, sobretudo, o mérito e os bolsistas que provém da iniciação cientifica. Quem não observa esses requisitos, corre risco de não ter bons candidatos na pós-graduação.

Hoje temos cerca de 80 mil estudantes de iniciação cientifica no Brasil entre CNPq, agências estaduais e pessoas voluntárias – sem contar o Pibid da Capes e oriundos do Programa PET. Esses são os melhores candidatos para fazer mestrado. São 80 mil e o mestrado oferece anualmente, em todo o Brasil, 50 mil vagas. Portanto, é esse o nosso grande alvo. Claro que não é exclusivamente isso, mas colocar as bolsas nas pessoas já com vinculo estaria excluindo nosso principal candidato e isso nós não queremos estimular. Caso a situação persista as agências poderão considerar o cancelamento da Portaria.

3. No caso de um aluno que, sem vínculo empregatício, tenha sido contemplado com bolsa e, futuramente, seja contratado para o quadro da própria instituição na qual estuda. Ele terá a bolsa cancelada?

A bolsa deve ser cancelada, pois não foi instituída para estimular essa prática. Reafirmo: a bolsa não é uma complementação salarial. É para apoiar os jovens com mérito que, não tendo vínculo empregatício ainda, possam tirar proveito da oportunidade que o governo dá de estudar com bolsa nos cursos rigorosamente avaliados pela Capes e, a partir do seu desempenho, ter as oportunidades de conseguir um vínculo empregatício qualificado para as atividades que considerarmos prioritárias: tecnológicas e educação básica. Como acima mencionado, os professores da Educação Básica da Rede Pública podem acumular remuneração e bolsa, mesmo com o vínculo a priori.

4. As regras existentes antes da portaria, que permitiam o acúmulo de bolsas para professor da educação básica, professor substituto, tutor da UAB e profissional de saúde pública continuam valendo?

Continuam valendo. As portarias que tratam dessa questão mencionam claramente que são áreas de interesse do Estado. Permitir que professores da escola pública façam mestrado – sobretudo mestrado profissional, mas também acadêmico – recebendo bolsa é o principal objetivo. Estes, repito, nós consideramos interesse do Estado. O acúmulo, então, é permitido e vai continuar sendo.

5. No caso de servidor público. Quem já é servidor e torna bolsista, como proceder? E para casos em que o aluno que já é bolsista passa em concurso público, ele deve pedir o cancelamento da bolsa?

Não deve ganhar bolsa, essa é uma regra básica, exceto para professores da Rede Pública da Educação Básica. Os cursos têm que considerar o seguinte: tendo vínculo empregatício prévio, não deve ter bolsa de imediato. Essa é uma lógica fundamental sem a qual vamos colocar em risco a credibilidade e o sucesso da pós-graduação brasileira.

A Portaria não foi feita para estimular esse tipo de ação individual, foi feita para premiar os alunos que se destacam, estando na pós-graduação com bolsa do CNPq ou da Capes, venham, em função do próprio desempenho, conversar com seu orientador sobre a possibilidade de conciliar os estudos com o emprego. E não um direito prévio, isso é importante dizer. Portaria a gente faz e também desfaz e, se for seguida de maneira equivocada, poderemos cancelá-la.

6. Quais os desdobramentos possíveis em função dos questionamentos sobre a Portaria?

A Direção da Capes está determinando o cancelamento da citada circular e divulgando na sua página nota de esclarecimento sobre o entendimento a ser aplicado pelos orientadores e cursos sobre como deverão autorizar o bolsista a assumir compromisso de emprego.

A Capes e o CNPq farão um levantamento das situações junto aos cursos para posterior deliberação conjunta, além de, eventualmente, revisar a Portaria, tornando-a mais restritiva em seus objetivos ou, até, mesmo, revogá-la se as duas Agências considerarem que é melhor para o sistema.



17/05/2011
CAPES e CNPq anunciam ANULAÇÃO do ofício circular que cancelava bolsas

Após denúncias de pós-graduandos de todo o Brasil sobre o cancelamento de bolsas, a ANPG se reuniu com o presidente da Capes e obteve uma vitória preciosa: a garantia de direitos dos pós-graduandos.

A Capes acaba de divulgar uma entrevista com o seu presidente, Jorge Guimarães, em que ANULA o Ofício Circular nº32/2011 que trata do cadastramento de bolsistas com vínculo empregatício remunerado.A decisão foi tomada após reunião da ANPG com o professor Jorge Guimarães realizada nesta segunda-feira (16) e o novo encaminhamento é compartilhado pela Capes e pelo CNPq.

Na semana passada uma enxurrada de e-mails na caixa da ANPG nos deu a dimensão do problema gerado por um ofício circular da Capes orientando o cancelamento das bolsas de centenas de pós-graduandos do país por conta de uma nova interpretação a respeito da Portaria Conjunta n° 1 de 16 de julho de 2010 .

O ofício ameaçava os programas de perderem suas cotas de bolsas caso não cancelassem até este mês de maio toda as bolsas de estudantes que tivessem vínculo empregatício anterior à bolsa.

Tal informação gerou uma polêmica grande no país e centenas de pós-graduandos recorreram à ANPG. Na mesma semana, a entidade lançou uma nota contra o cancelamento das bolsas e conseguimos marcar uma audiência com o professor Jorge Guimarães.

Na reunião, da qual participaram diretores da ANPG e das APGs da UFRJ e da UnB, o presidente da Capes disse discordar do tom do ofício circular. Ele defendeu a Portaria, mas disse que havia desvios na sua aplicação que precisavam ser corrigidos, motivo pelo qual a Capes e o CNPq divulgaram a nota de esclarecimento de 2 de maio de 2011.

A presidente da ANPG, Elisangela Lizardo, apresentou os e-mails recebidos pela ANPG reclamando do cancelamento das bolsas, assim como a nota divulgada pela entidade e as notas e manifestos da APG da UnB, dos pós-graduandos da UFF e do Conselho da UFRJ. Em sua intervenção, Elisangela defendeu que a Capes e o CNPq anulassem o cancelamento das bolsas e debatessem ajustes na Portaria para o próximo período. Um abaixo-assinado contra o cancelamento das bolsas também foi entregue.

O professor Jorge afirmou discordar do conteúdo do ofício circular – e, portanto, do cancelamento das bolsas como este documento impunha – e comprometeu-se a se reunir com o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, para decidir sobre um novo encaminhamento. O diretor de relações institucionais da ANPG, João Carlos Azuma, então sugeriu ao presidente da Capes “descircular a circular”, que é exatamente o que a Capes e o CNPq estão fazendo, como pode ser observado na entrevista de esclarecimento publicada hoje.

A Capes e o CNPq anularam o ofício circular – portanto as bolsas não serão canceladas em maio, como previsto – mas alertam que farão um levantamento da situação das bolsas no país para combater possíveis irregularidades – a diferença é que agora será analisado caso a caso.

A vice-presidente da ANPG, Carolina Pinho, apresentou preocupação com o número de professores do ensino básico que teriam as bolsas cortadas de acordo com o oficio circular, ao que o presidente da Capes respondeu categórico: “não serão canceladas bolsas de professores do ensino básico”.

Esta é uma grande vitória de todos os pós-graduandos que resolveram se mobilizar contra o cancelamento generalizado das bolsas anunciado pelo ofício circular. A ANPG agradece a todos os que entraram em contato para apresentar suas demandas, reclamações, histórias, sugestões, manifestos, abaixo-assinados, etc.

A soma deste esforço coletivo nos conduziu a esta vitória e pode nos levar a muitas outras, como o necessário reajuste do valor das bolsas de pesquisa. Para alcançar novos êxitos, o momento exige organizar o movimento nacional de pós-graduandos, com a construção de APGs por todo o país.

ANPG


domingo, 15 de maio de 2011

DECISÃO ARBITRÁRIA DA CAPES E CNPQ AMEAÇA PESQUISA NA UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA

Educação nunca foi prioridade no Brasil, mas agora estamos chegando ao fundo do poço. A CAPES e o CNPQ, em uma atitude arbitrária e injustificável, estão ameaçando milhares de estudantes de Pós-Graduação com a retirada de suas bolsas de estudo.

É importante ressaltar que, historicamente, o acesso a tais bolsas sempre foi vetado a quem trabalhava. Porém, ao longo dos anos, foi sendo demonstrado que, além do valor das bolsas ser inferior ao salário da maioria dos profissionais formados em curso superior, o trabalho compatível com a pesquisa poderia inclusive ser benéfico para a formação do pesquisador.

Diante disso, CAPES/CNPQ divulgaram uma Portaria em Julho/2010, que autorizava o acúmulo de bolsa de estudos e emprego, desde que obedecidas algumas condições. Com isso, muitos estudantes foram beneficiados, em especial professores da educação básica e outros profissionais da educação e da cultura.

Mas agora CAPES/CNPQ decidiram voltar atrás e retirar de uma hora para outra todas as bolsas. Esta atitude está gerando um verdadeiro tsunami no meio acadêmico, abrindo um precedente autoritário perigoso, cujos desdobramentos podem ser imprevisíveis.

Abaixo, seguem links esclarecedores:


Portaria que autorizou o acúmulo
ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2010/iels.jul.10/Iels134/U_PT-CJ-CAPES-CNPq-1_150710.pdf

Nota sobre a interpretação "êrronea" (veja bem, nem é outra portaria) http://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/NotaCapesCNPq.pdf

Ofício que foi enviado aos programas
http://www.posgraduando.com/pos-graduacao/capes-estipula-prazo-para-cancelamento-de-bolsas-irregulares

Carta da APB-UNB
http://e-groups.unb.br/apg/Of.APG-UnB_12_05_2011_-_Carta_aberta_BOLSAS.pdf

Carta de um aluno de mestrado
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/carta-aluno.pdf

Abaixo-assinado http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N9867

Comentários sobre a CAPESe cartas dos alunos de PG da UFF
http://www.saudecomdilma.com.br/index.php/2011/05/12/capes-e-cnpq-achacam-bolsistas-e-coordenadores-das-pos-graduacoes/

Update:
http://paraibarama.blogspot.com/2011/05/carta-de-uma-aluna-bolsista-prejudicada.html

Os textos se completam e são auto-explicativos.

Divulguem!

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons!”.

(Martin Luther King)