quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Achaque em Brasília

Do JB Online, achei tão interessante que resolvi fazer um post à parte.

http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/10/29/e291016711.html

Cabral e Paes agradeceram tranqüilidade das eleições à Ayres Britto

Renata Victal, JB Online

RIO - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito eleito da cidade, Eduardo Paes, ambos do PMDB, agradeceram nesta quarta-feira à tranqüilidade das eleições ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto.

O encontro ocorreu no gabinete do ministro no Supremo Tribunal Federal (STF). O governador disse que o ministro cumpriu com firmeza o processo eleitoral no país.

- O ministro é um presidente do TSE que vai marcar sua passagem pela firmeza. A maneira suave dele ser não se contrapõe à maneira enérgica de agir em favor da democracia - afirmou o governador.

O prefeito eleito também elogiou as posições adotadas pelo presidente do TSE na condução do processo eleitoral. Sustentou que, durante a campanha, sempre foi um dos candidatos que se manifestaram favoráveis às medidas adotadas e que as eleições na cidade do Rio de Janeiro transcorreram “com toda a normalidade”.




Toda vez que leio uma notícia dessas sempre coloco uma pergunta: "A quem interessa isso? O que eles querem dizer com isso?".

Porque está claro que desde domingo Cabral e Paes estão em uma maratona de marketing institucional para fazer parecer que a eleição foi legítima, o que está longe de ser considerado verdade.


O cúmulo da cara-de-pau foi fazer o discurso de inversão, em que ele fala aquilo que justamente não quer que aconteça ou o que está em desacordo com a realidade, eu destaquei essa parte em negrito no texto da notícia.


Isso mostra que os dois querem legitimar algo que ainda não é reconhecido pelo oficialmente e sua ida a Brasília para "agradecer" a postura do TSE é uma afronta além dos limites do aceitável, já que eles são os principais investigados.

Está bem claro que o TSE está apurando as denúncias que vieram a público desde o início do segundo turno, inclusive a PF já foi acionada para investigar o caso, o que levará a várias linhas de investigação como a distribuição de cestas básicas na Rocinha, ou a boca-de-urna feita por vereadores e suas equipes de cabos eleitorais pelos subúrbios da cidade.


Mas uma coisa é clara, para mim pelo menos, é que os votos que Eduardo Paes recebeu nessa eleição foram obtidos de forma ilegítima, porque foram conseguidos de forma ilegal, e usando instrumentos ilegais, que iam de lanches pagos com dinheiro público federal, uso de imagens de Unidades de Pronto Atendimento que é de alçada estadual assim como a pura e simples coação de grupos armados.


Coação, mentiras e suborno, foram essas as três armas utilizadas na campanha de Eduardo Paes
.

Era comum andar pelas ruas onde estavam os cabos eleitorais do candidato do PMDB e ouvir "Gabeira é 15!", eu mesmo ouvi isso várias vezes e muitas pessoas foram induzidas a votar errado por causa dessas manifestações.

A distribuição dos panfletos apócrifos também foi um dos elementos usados para ludibriar a boa vontade das pesoas, principalmente as mais humildes, cujo contteúdo acusava o candidato do PV de usuário de drogas e defensor da prostituição, até mesmo absurdos como dizer que ele iria tirar páginas e livros da bíblia.

Tudo isso está documentado no TRE, só o material apreendido passa de 25 toneladas, isso de material de campanha, ainda há faixas e cartazes de Paes espalhados pela cidade, principalmente Zonas Norte e Oeste.

Outro fato grave que só agora está sendo realmente percebido em sua real dimensão foi a antecipação do feriado do funcionalismo público para a segunda-feira após a eleição, isso para mim fere a moralidade na gestão da máquina pública, porque apesar de ser atribuição do governador decidir a data, não deveria tê-lo feito para coincidir
com o dia seguinte da eleição e assim criar um feriado prolongado.

Foi perceptivel que nos bairros com renda média superior a abstinência chegou a incríveis 30%, enquanto nos bairros mais pobres essa abstinência foi quase que a metade disso.

O que podemos considerar com essa constatação?

Que o uso da máquina pública para favorecer o candidato do partido do governador influiu no resultado?

É claro que sim, na imagem abaixo (
clique com o botão direito para abrir em outra janela e visualizar em formato maior) temos um relatório final de votos e localidades, o número de abstenções diminui à medida que se vai para os subúrbios, como o adensamento populacional nas zonas norte e sul é maior e nos bairros periféricos é menor, fica claro que apesar de ganhar percentualmente em algumas regiões, quantitativamente o número de votos foi menor para Fernando Gabeira.







Eu diria que ainda é cedo para dizer se minhas considerações estão corretas, mas eu diria que pelo prisma da sensatez elas estão corretas, resta saber se essa mesma sensatez será usada pelos desembargadores do TRE e do TSE quando forem julgar este caso.

Uma cidade inteira depende desse resultado para saber se poderá no futuro confiar nas insituições ou se estamos caminhando irremediavelmente para se tranformar em uma Benedito Leite de 10 milhões de habitantes..

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